terça-feira, 12 de maio de 2009

Falando de Médicos e da Medicina.

Sonho um dia ver um cartaz na porta de um Posto de atendimento público:
"Cem por cento de satisfação dos pacientes atendidos e dos prfissionais que os atenderam."

Para ser médico é preciso fazer sacrifícios e dedicação é uma palavra singela frente ao esforço que a graduação e a pós exigem: lidamos com a complexidade do ser humano.

A Medicina brasileira tem um histórico de transformações que inicia nos Institutos de Seguridade Social, ao atual sistema hibrido onde a assistência publica se mistura a privada como se fosse uma salada mixta de manga e leite azedo. Socializada ou privatizada? Na Europa é socializada, nos Estados Unidos é privatizada, com os mesmos bons resultados. O Brasil corre atrás do modelo Cubano, talvez não seja uma boa idéia pelo paternalismo e pela inconsistência, descalços não funcionamos bem.

Os médicos trabalham muito, ganham pouco e os pacientes reclamam dos atendimentos recebidos. E persiste tal resultado sem que ninguém se preocupe em avaliar o porquê de tal situação. Os pacientes se transformam em números de atendimentos, e a qualidade e o resultado final que se danem... E os médicos por sua vez se acovardam, esquecendo-se que são os únicos profissionais indispensáveis a si mesmo.

Existe solução? Sim, mas interessa a poucos, a Indústria Farmacêutica quer vender medicações que o Estado compra, como por exemplo, um medicamento que tem três horas de duração e é largamente utilizado para tratar hipertensão arterial, que dura vinte e quatro horas.

Exames físicos mal realizados, satisfazem os vendedores de aparelhos. hoje diagnósticos, tempos atrás meros exames complementares. E finalmente os médicos se esmorecem face as pressões realizadas por esse triângulo nada amoroso e colocam sua sobrevivência na sobrecarga de trabalho, submetendo-se aos desejos de seus parceiros inconvenientes e mercantilistas. E os exames desnecessários rolam como cachoeiras. O alto custo ocupa setenta por cento do dinheiro disponível e o percentual de resultados normais é o mesmo, ou seja, exames desnecessários.
Medicina de qualidade com profissionais e pacientes satisfeitos nem pensar.

Esta ciranda inconsistente não pode mais se prolongar. É preciso um relatório Flexner para as Escolas Médicas e também uma definição do modelo Institucional a ser adotado dentro de nossa realidade.

Medicina não pode ser mal feita, nem tapa buracos social ou comercial, menos ainda servir a interesses empresariais. O dirigente da classe, não deveria ser apenas uma foto vaidosa em páginas vazias de eventos sociais. Os verdadeiros profissionais não se encaixam nisso, não devem estar descalços, nem serem vitrines de aparelhos mirabolantes ou de novos medicamentos, que podem até ser mais nocivos do que curativos.

Precisamos não aceitar o pejorativo de "sacerdócio", pois embora também lidemos com a alma humana, acima de tudo somos profissionais responsáveis e perdemos uma boa parte de nossas vidas dedicando- nos a causa mais fundamental do ser humano: sua vida!
Publicado na revista Hey de março/2008


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