sábado, 23 de maio de 2009

O sono dos corruptos

Um dia desses fui chamado para atender um paciente em outro estado, caso complicado. Perdi o sono, pares de noites. Acho que resolvi, minha consciência não permitiria coisa diferente. Mas lembro-me do intricado jogo de xadrez que joguei comigo mesmo: se é isso, não tem aquilo, se é aquilo não tem isso. Perdi noites pensando na situação e em minha responsabilidade envolvida no processo. Tem gente que pensa que vida de médico é fácil.
Depois extrapolei para outras situações, como seria o sono de outras pessoas envolvidas nas mais diversas atividades da vida? Pensei no engenheiro, atormentado por um cálculo complexo, numa decoradora buscando a solução que a sua cliente quer, no pedreiro querendo resolver o problema de um cano. Tudo tem sua complexidade intrínseca e cada profissional vive suas dificuldades em busca de uma solução. O ser humano é assim, sempre dando voltas em torno de si mesmo, buscando algo que tem relação com o próprio sentido da vida, que não sabemos qual é.
Uma explicação que me satisfez por um tempo foi que esse sentido seria apenas viver, depois achei vazio faltava algo. A vizinha esquizóide que sabe tudo, pensa que é apenas importunar, se dar bem financeiramente mesmo sem ética, ser aceita socialmente, viver sua favela emocional e incomodar aos seus pares.Acho que tem algo mais, pois se o sono nos foge certamente algo não vai bem e temos que buscar uma explicação.
Como gosto de pensar e refletir, antes de tirar as roupas do varal, pois dona Maria não me atende e a chuva pode molhá-las e eu preciso tirar meus pensamentos desse varal e continuar escrevendo antes que eles sejam levados pela chuva.E antes que a chuva, leve minha imaginação para a corredeira, onde nunca mais saberei deles, resolvi pensar de novo e me ocorreu uma idéia interessante: onde fica nossa culpa pelos delitos sociais que cometemos? Ninguém é honesto, aliás, minto, conheci um. Marido fiel, apenas ele em toda minha vida profissional. Chorava prantos pela esposa falecida e me confessou: _Nunca tive outra mulher!
Mas buscando o fio da meada, aquele rolo que as vovós enrolavam com a paciência dos sábios e que se perdiam no barulho dos netinhos, retorno ao assunto inserindo minhas dúvidas: Como dorme um corrupto? O grande sábio Nelson Rodrigues diria que é na cama, obvio ululante! Mas falo dos sentimentos envolvidos: como uma pessoa pode ser um ladrão explicito, sem um pingo de culpa? Ou como será que lida com o mal estar produzido pela sensação de ter feito algo inapropriado contra alguém, pois no fundo sempre existirão os prejudicados. Se uma obra é superfaturada, com os trinta por cento para alguém, existirá um prejuízo a terceiros. Existe consciência sobre isso? Qual a origem desses seres humanos? Será num mocambo alhures e que depois num voto de ódio ao seu semelhante, perdem sua sensibilidade? Não sei.
Será que corrupto tem insônia moral? Será que corrupção produz perda do sono? Ou todos eles roncam gostoso, deixando a insônia para os outros.

Os bonitinhos cheirosos e os feiosos fedorentos

Conversei com uma amiga recém chegada da Índia.
A mística exalada por esse país, envolve todos nós, parece que eles têm algo de diferente em relação à vida. Acreditam que existe outra vida e que os bichos, são um estágio na evolução. O que pensamos quando temos esse tipo de informação? Que são pessoas espiritualizadas, evoluídas e hoje, num estágio zen.

Depois vem o outro lado, o das castas. Na Índia existe uma segregação silenciosa pelas diferenças sociais, ricos de um lado e os pobres de outro. Fico pensando como pode acontecer uma coisa dessas, onde o ser humano fica dividido pelas posses, exatamente onde a espiritualidade fala muito forte.

O fato cheira ao absurdo como o Judiciário brasileiro, casa de compadres e comadres e de fatos estranhos que ninguém quer ver ou saber.

Lá os animais são respeitados mais que seres humanos. Não se pode buzinar quando uma vaca atravessa na frente do automóvel, mas as castas superiores fazem gestos com a mão para o motorista de casta inferior seguir em frente, tipo: “vai lá lacaio”, cumpra sua função em servir a deusa aqui presente. Isso choca quem tem uma visão humanitária, mesmo não acreditando que bichos sejam reencarnação de gente.

Fico intrigado porque pessoas, seres humanos reagem desse modo. O que será que acontece na infância de uma criança que leva a tanta perversidade? Será que ela é induzida a acreditar que é diferente da outra e portanto deva ser reverenciada?

É algo por aí, mas é muito triste pessoas se verem e sentirem assim. Acho que a vida é algo mais que essa besteira.

Quem tem oportunidade de estudar e crescer na vida adquire uma visão diferente, mas sem o direito moral de se sentir superior e humilhar a quem não teve a mesma oportunidade e não seja como elas. A vida não é isso, nem assim. Médicos têm o privilégio de conhecerem os seres humanos mais profundamente. Todo mundo tem caganeira, vômitos ou outras coisas parecidas, portanto somos iguais e vulneráveis do mesmo modo. Porque as “castas”? Não faz sentido. Não somos bonitinhos cheirosos nem feiosos fedorentos, mas apenas seres humanos em busca da felicidade, iguais uns aos outros. Está faltando filosofia e sabedoria.

O ser humano está perdido no espaço da vida, ninguém sabe o que virá depois, o amanhã é uma incógnita.

Ser cheiroso ou bonitinho pode ser apenas um momento na vida. O depois a Deus pertence.

OS DEZ MANDAMENTOS DA FELICIDADE

1- Seja você mesmo. Não se iluda com as vaidades temporais da vida.

2- Busque seus próprios caminhos

3- Não deixe ninguém te fazer infeliz.

4- O amor é a fonte maior. Ame sem fronteiras.

5- Trace seus caminhos e decida por você mesmo (a)

6- Não perca seu tempo com coisas que não vão dar certo.

7- Insistir num erro só levará a um outro erro.

8- Seja honesto consigo mesmo. Na vida temos que ser autênticos para sermos felizes.

9- Respire fundo e pense 33 vezes antes de responder às mediocridades de alguém. Às vezes o silêncio pode ser sabedoria. Não deixe que sua fraqueza se identifique com a fraqueza de outra pessoa.

10- Leia Sócrates, Platão. Buda, Aristóteles, Nelson Rodrigues, Roberto Freire e seja feliz.

PREMIAÇÕES DO PAN (DEMONIO) BRASIL

Medalha de bronha aérea= Marta Suplicio (Relaxar em aeroporto pode ser, embora difícil, mas gozar é impossível, se pensar nela, broxa na hora)
Medalha de prata de cinismo institucional= Anac (Agora será Anarkia= Fusão com a Kia) Medalha de ouro da impunidade=Judiciário
Medalha de ouro de seriedade aparente= Mercador de antes
Medalha de ouro de cinismo pessoal=Renan Canalheiros (canalha + usineiros)
Medalha de ouro de otários= Classe média Medalha de prata bagre ensaboado= Manteiga rançosa
Medalha de ouro de Vitimaldo inocentissimo= Jose disse eu
Medalha de prata em manutenção= TAM (M de mortífera)
Medalha de bronze de culpa do piloto= TAM bem
Medalha de prata de transporte= Dólares genuínos na cueca
Medalha de prata sofista= Marilena Chulé
Medalha de ouro da inocência = Mula 51

O direito dos animais

As leis protegem os direitos animais. Não sei se foi modificada, mas até então matar um pássaro criava mais problemas do que aniquilar um ser humano. Este é apenas mais um reflexo da falta de prioridades que acontece em território brasileiro. Existe uma confusão atávica no Brasil quanto aos aspectos organizacionais do que seja prioritário nas ações dos administradores sobre nossos desejos.

Ninguém se preocupa com a diferença da velocidade de 40 kms com 50 kms. Qualquer piloto ou individuo experiente no transito diria: nenhuma! Pela lógica racional de qualquer pessoa seria a mesma resposta: nenhuma!

Mas quando entra a lógica do administrador, vampiro do suor alheio, vai dizer existem muitos reais nessa diferença. Pela lógica se andar a 40 ou 50 kms não produz diferença, para o pequeno radar sorrateiro, instalado no coração das ruas significa uma diferença financeira razoável entre 10 kms.

Esta é a mesma lógica cruel que direciona a mente de nossos administradores quanto a visão ao ato criminoso que se expande meteoricamente em nosso país. Bandido pode, tem direitos, salário para ficar preso, não trabalham, comandam os atos criminosos de dentro das celas, telefone é um meio de comunicação permitido e tudo o mais que sabemos e que é amplamente divulgado pelos jornais. Mas o que espanta é a passividade das pessoas que tomam consciência de tais fatos.

Existe uma parcela da população que se sente injustiçada, pega nas armas e passa a agir contra aqueles que são ordeiros, sonham e se sacrificam por um futuro, pagam prestações, restringem o supermercado e de repente, vêm seu filho esfolado no asfalto, sua filha paraplégica e não acontece nada! Flores vermelhas, camisas brancas, pombas da paz, a carneirada desfila para o lobo escolher a próxima e suculenta vítima.
Os animais predadores podem exercitar seus direitos animais, atirar, mutilar, seqüestrar ou simular, encostar revolveres nas cabeças de qualquer um nas ruas, não precisam de registro das armas, nem de testes psicológicos, apenas levam a arma e apontam para a cabeça do outro, que trabalha, sua a camisa, guarda centavos, explica pros filhos porque não pode comprar um picolé, chora no silencio da noite por não poder dar ao filho o brinquedo desejado, mas permanece honesto e sem direitos. E poderá morrer amanhã sem pagar as contas e deixar a viúva lacrimosa exposta aos resíduos da vida, sem nada, sem salário, sem apoio, sem nada,diferente de nossos marginais preferidos e protegidos. Os bandidos de cima protegem os de baixo. Roubar é preciso, cada vez mais e sempre, afinal essa corja é imortal. Todos são eternos exceto sua visão de ser humano. Na verdade são animais e têm seus direitos: matar, traficar, estuprar, aleijar. E cabe a nós meros mortais, santificá-los para não contrariar os criminosos da esfera acima que permitem seus direitos, aliás, “Direitos animais”, são superiores e mais sagrados que os de suas vítimas.
Talvez estejamos retrocedendo ao passado onde os animais eram adorados em altares, Sinal dos tempos...

O homem da mala

Existem em nossa língua expressões curiosas, como a do título acima, que creio ser oriunda dos mascates ou do cotidiano da corrupção, mais atual, onde um cavalheiro com uma mala cheia de dinheiro, encaminha a mesma como pagamento a um terceiro, para que cometa um ato ilegal.

Recentemente vimos no noticiário o envolvimento de pessoas que deveriam ser ilustres, vendendo sentenças judiciais. Fico pensando como deve ser esse mercado, será que tem preços fixos? Ou será que variam de acordo com a sentença envolvida?

Talvez exista uma tabela do tipo: hábeas corpus para corrupto, um milhão de reais; sentença favorável em negociação ilícita, desfavorecendo uma parte, quinhentos mil. Acredito mesmo que tais valores se aproximam de uma mega-sena.

Às vezes um envolvido dá azar e a negociata vem à tona, como aconteceu na cidade de Vitória, mas fico pensando: e quando tudo dá certo e ninguém descobre? Quem poderá dizer quantas vezes isso acontece?

Acho que a freqüência é muito grande pois sempre conhecemos algum queixoso de sentenças judiciais que beiram ao absurdo, moral e legal. Somente quem já viveu esse tipo de safadeza, pelo lado do prejudicado, pode aquilatar o sofrimento gerado por uma situação desse tipo.

Existem alguns resultados de processos que deveriam ser investigados rotineiramente, principalmente os ligados as estatais. A freqüência de resultados estranhos é enorme, desde revelias desconsideradas, até proteção escancarada às instituições citadas, que são inocentadas de seus atos lesivos, mesmo os mais explícitos. Fica mais complicado ainda quando sabemos que instâncias superiores, que decidem, podem ter patrocínio publicitário dessas estatais. Seria o homem da mala legal, a oficialização de uma corrupção branca em “troca” de proteção institucional. Al Capone sentiria inveja.
Mas o que mais intriga é: porque quem decide dentro desse sistema legal, fica imune a lei, exceto nos casos escancarados que sempre resultam em “rigorosas apurações” que geralmente deixam os criminosos livres?

Nas decisões dúbias onde um manda prender e o outro manda soltar, qual dos dois errou? Não deveria ser punido, quem cometeu o erro? Se há divergência no resultado final, um deles não está certo, um corpo não ocupa dois lugares no espaço simultaneamente. Se tal erro fosse passível de punição, o receio estimularia a moralidade e mais firmeza nas decisões.

Acho que já passa da hora de ser criado um controle externo institucional de verdade. É necessário darmos resposta à altura, aos homens das malas e aos beneficiários dessa prática.

Democracia pressupõe igualdade de direitos e deveres e se isso não ocorre, temos uma ditadura disfarçada, desta feita trocando apenas a farda pela toga e os métodos da tortura, de físicos para morais.

Impunidade cansa. Principalmente quando o lombo que leva o chicote é o nosso.

O que seria do Inferno se o Diabo não estivesse aqui


O filme "O advogado do Diabo" nos traz uma versão moderna e palatável de Satanás, atualizando nossos conhecimentos e receios. O Diabo em nossa cultura é o lado ruim, o mal, a perversidade. Compra almas com dinheiro criando facilidades e se você entragar a sua, ficará rico e cheio de prazeres carnais, com sexo de roldão, junto às ofertas demoníacas. Será sexo pecado, já que é parte da oferta?
Se dinheiro é do Diabo, porque as religiões atuais correm atrás dele? É curioso como as palavras mudam o sentido do ato, prosperidade substitui riqueza, disfarça a culpa.
Mas fico intrigado: não foi Jesus quem disse que seria mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino dos Céus?
Os índios não tem religião, vivem em harmonia com a natureza, andam nus e têm uma serie de valores que podemos admirar. Quando o progresso e religiosidade atingem aldeias virgens , o que observamos? Perda desse equilíbrio com a vida e a natureza. Começa o conceito de Bem e de Mal , as roupas passam a esconder a vergonha, produto de nossos condicionamentos.
O inferno, segundo suas agencias de propagandas é um lugar cheio de mulheres, desejos, libertinagens, calor intenso e potes fervendo onde as pessoas são mergulhadas de acordo com seus pecados. Prefiro uma sauna.
Mas tenho certeza que o prazer não é pecado. Sexo acalma, abaixa o colesterol, eleva a auto-estima, faz muito bem a saúde. Ao contrário, o ódio, aumenta a pressão e encurta a vida, além de fazer-nos perder tempo com baboseiras anti-demoniacas, onde as doações apaziguariam todos os males.
Isso soa estranho: ee dinheiro é especialidade do Demo, porque é a mola extra dos especialistas que o combatem? Será que o Diabo já expandiu seus limites e se introduziu na seara de Deus?
Jesus combateu os fariseus dos templos e se ele voltasse novamente hoje, onde seu chicote seria utilizado?
Com certeza seria crucificado depois de uns vinte anos, tempo que nosso Judiciário gastaria em seu julgamento. A advogada de acusação seria a vizinha esquizóide, especialista na destruição moral das pessoas.
Existem muitas histórias a respeito do Inferno cujo objetivo final é criar medo do Mal, que serve para o financiamento do "Bem".
Fico impressionado como as pessoas se deixam iludir com as falácias desses milagreiros de plantão, picaretagem clara e límpida.
Acredito que religião que envolve dinheiro, não é de Deus, é coisa do Diabo. Não ouço falarem de amor ao próximo, caridade, tolerância ou simplicidade.
Acho que o Inferno reside em nossos corações, não existe Bem ou Mal de forma intrínseca, temos dentro de nós um pouco de cada e com certeza amar é o caminho, na mais ampla acepção da palavra. O resto é baboseira financista. Deus é bom, amar também, o resto é muita esperteza.

Superando o stress

A primeira verificação que devemos fazer é em nosso organismo. Existem algumas condições que nos tornam mais susceptíveis de sucumbir a situações estressantes como as alterações da tireóide, distúrbios do cálcio, anemias, diabetes, doença hepática e renal, deficiências de vitaminas e ou hormônios e situações maniaco-depressivas. Uma vez que tais parâmetros estejam sobre controle, passamos a reavaliar nossos hábitos, interrompendo ou reduzindo o uso de álcool, açucar, cafeina em todas as suas formas, cigarros e drogas, se utilizados.
A dieta é importante no fornecimento de elementos ao nosso corpo, principalmente os vegetais e as vitaminas, pois atuam como produtores de serotonina, fator de proteção anti-stress. Devem ser evitados os produtos que eventualmente causem alergia, que é altamente stres-sante.
A prática de exercícios como caminhar, nadar, correr, andar de bicicleta, dissipa o excesso de energia disponível em nosso corpo, deixando-o menos vulnerável. Da mesma importância, ou até maior, está uma vida sexual intensa com uma parceira(o) que faça do amor e da sexualidade algo gostoso e prazeroso.
Atividades que coloquem nossa concentração fora dos problemas do cotidiano como dançar, ouvir música, ver filmes, tocar instrumentos, meditação, relaxamento, atenção a família, hobbies diversos, harmonizam nossa tensão gerada pela carga de trabalho, produzindo relaxamento.
Se pudermos dividir o dia em três partes de oito horas, deixando uma parte para o trabalho, outra para dormir e a restante para as atividades citadas, certamente estaremos com as condiçoes básicas em dia para uma boa relação com a vida.
Não podemos nos esquecer que a reação ao fator estressante, está dentro de nós, e portanto temos que abordar também esses componentes internos, que geram stress.
Os fatores externos como morte, desemprego, doenças, são mais complexos de serem abordados, mas são passíveis de uma melhor administração interna.
Devemos tentar acertar nosso relógio biológico com relação a noite e o dia, mantendo horários regulares de sono, com um pequeno descanso de no máximo trinta minutos após o almoço, não nos esquecendo de dar uma pequena interrupção nas atividades durante o trabalho, pois são fatores que ajudam a completar esse ciclo de saúde.
Mas é da maior importância a abordagem que temos da vida, como nossas atitudes defronte as pessoas, por exemplo saber que um filho tem suas próprias expectativas e elas podem ser diferentes das nossas, direcionar nossas ações para atitudes menos críticas e mais positivas, refletir sobre nossos objetivos, dando importância somente aquilo que for importante, esquecermos um pouco do relógio, procurando mais "ser" do que "fazer ou ter".
Tentar produzir mudanças em tudo que nos causa angustia e que seja passivel de ser mudado, como o próprio trabalho que fazemos, também é um dado importante. E para aqueles que tais medidas acima sejam impossíveis, uma boa terapia costuma dar os meios necessários para que sejam realizadas mudanças.
Os estragos causados pelo stress nos USA, foram da ordem de sessenta milhões de dólores/ano, representando 70% das consultas médicas aos clinicos de família e somente uma pessoa em cada grupo de dez conseguiu se ajustar a um nível compatível de stress.
É sempre bom lembrar dos fatores ambientais introduzidos em décadas recentes como o rádio, televisão, automóveis, motocicletas, computadores, celulares, jatos, bomba atômica, etc. representam mudanças recentes e ameaçadoras ao nosso aparelho biológico.
Em resumo a tudo isso que vimos, ressalto a enorme importância do saber viver, do dizer não, do amor e de saber sorrir, soluções simples e baratas para esse mal contemporâneo.

Publicado no jornal "Correio de Uberlândia"

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Só tem enfarto quem quer

Além dos desígnios da natureza, só tem infarto quem quer.
Nosso corpo tem determinações genéticas, “está escrito” e elas determinam nosso futuro, mas podemos acrescentar ou diminuir anos a nossa vida, dependendo do modo que investimos em nossa saúde.
Estive num Congresso em Washington e vi um cardiologista americano apresentar um trabalho onde mostrou um slide com dois personagens: de um lado Sir Winston Churchill, com um copo de uísque na mão, um charuto na outra e abaixo do slide, sua idade quando morreu.
Do outro lado, da mesma forma, Fischer, um atleta aficionado em corridas, que faleceu aos trinta e tantos anos de infarto. No seu imaginário, tais fatores, álcool e fumo, não teriam influencia nos acontecimentos.O questionamento foi imediato pela platéia. Churchill, tinha genética para cento e tantos anos e “gastou” alguns, pelos seus hábitos de vida que lhe eram prazerosos. Fischer, por sua vez, foi o mais longevo de sua família, onde os homens morriam entre vinte e trinta anos de idade, por infarto, marcação de sua genética familiar. Esse é o ponto mais importante, que pode ser modificado para mais ou para menos, estilo de vida é a resposta. Quem fuma, indiscutivelmente, “gastará” seu crédito genético e do mesmo modo, o que ingerimos terá a mesma influência. Comer bem é um conceito variável para cada pessoa e cada um tem seu prazer particular com o que ingere. Gosto não se discute. O gostoso pão de queijo utiliza muito óleo em sua composição, mas não deixa de ser gostoso e como é...
Com um cafezinho e manteiga, fica um manjar dos deuses mineiros. A pizza nem se fala, mas tome sal e gordura, grandes consumidores de genética.
Mas como conciliar o que é gostoso, com o que faz bem?A escolha será sempre nossa. Se quisermos viver mais, primeiramente temos que olhar nossa genética e fazer um acordo, criando hábitos compensadores, como dois pratos de uma balança, que se equilibram.
Mas não podemos usar a do Judiciário, pois tem contrapeso embutido. Por costume pessoal, diariamente vejo meu peso e sei exatamente a repercussão no meu organismo, daquilo que comi no dia anterior. Nada neurótico, apenas uma consciência informativa que mostra os efeitos do que fiz.Álcool em baixas doses protege o sistema cardiovascular, provavelmente por influenciar a coagulação, se for vinho tinto, as substancias contidas no mesmo, aumentam o bom colesterol (HDL), que impede que as gorduras se fixem na parede das artérias.
A diferença da banha de porco com a margarina, ninguém sabe, seria uma pesquisa simples na população carcerária, onde a dieta pode ser controlada, assim saberíamos a resposta e poderíamos mudar muita coisa.
Temos que considerar que não existe propaganda de banha na TV, mas nossos ancestrais sobreviveram muitos cem anos utilizando-a.
Besteira? Pode ser, mas se alguém me disser que a banha de porco acelera o transito intestinal evitando a absorção do colesterol, que é mais tardia, eu acreditaria. Pesquisar é fácil, embora não interesse. E tome margarina com gordura trans, omega três, que não tem comprovação concreta de seus benefícios, ou então, omega seis que estimula câncer na próstata, mas não importa.Sempre existirão aparelhos mirabolantes para resolver o problema.
Os custos interessam menos que a saúde de cada um.Outros fatores “queimadores de genética”, às vezes inserida nela mesma, como a diabete e a hipertensão podem ser facilmente controlados e freados, dentro de sua ação nociva. O melhor tratamento é a lucidez e a informação.
Tudo que é gostoso faz mal, mas temos alternativas como a feijoada que descansa um dia na geladeira e de onde são retiradas as gorduras amareladas no dia seguinte. Podemos comer coisas gostosas sem que sejam nocivas ao nosso organismo, basta saber o caminho e fazer a leitura ancestral das plantas caseiras, medicamentos com marca registrada brasileira. Usar álcool com couve, hortelã, funcho e manjericão atenua seus efeitos maléficos mas não engana o bafômetro. Exercícios são bem conhecidos, pessoalmente faço todos os dias, é muito gostosa e os efeitos deles sobre a saúde são ótimos.
Mas, a melhor das opções e muito saúdavel é o sexo bem feito, que reduz o colesterol, baixa a pressão e produz bom humor, evitando o infarto e prolongando a vida. As mulheres ficam mais bonitas, com a pele lisa, pela mágica do estrogênio.
Podemos escrever nosso caminho na vida, que será sempre uma escolha pessoaldentro do que esperamos para nós mesmos. E além dos desígnios da nossa genética, só tem infarto quem quer, basta prestar atenção na natureza, ela nos dirá o que devemos fazer...
Publicado na Revista Perfil Médico de setembro/2008


Hora de votar

Quem manda prender é o dono do poder.No tempo dos militares, eles prendiam e batiam. Caçavam os comunistas que povoavam sua imaginação, fruto do terrorismo de Estado de empresas estrangeiras com interesses por aqui. Imaginem os perseguidos de ontem, pela ótica atual: José Dirceu, Genoíno, que entre tantos outros eram os perigosos comunistas, hoje tão bem conhecidos. Sabemos quem são e o ultimo rótulo a ser colocado neles, e nos tantos outros seria “ser comunista”. Dá vontade de rir, se não vomitarmos antes.
O poder fascina, porém menos que o dinheiro. Idealismo e honestidade cansam e se tornam uma retórica do jardim de infância, ou um caminho de otários.
Hoje quem prende é o Judiciário, mas só bate na moral das pessoas, pancadas fortes, que a impunidade faz doer. A tríade “ppp” continua valendo: preto, pobre e prostituta são os comunistas de outrem, imagens da fantasia onírica de donos do poder. Rico fica impune, habeas-corpus, rasgam nossos corpos, que ficam entorpecidos pela mistura da indignidade e pelo dinheiro misturado na massa do cimento da imoralidade.
Mas onde estamos nós, eleitores? Com certeza somos os responsáveis por essa lambança jurídica, com cheiro de farda, disfarçada de democracia. Na minha profissão vejo isso como três diagnósticos diferentes no mesmo paciente. Um médico diz que é infecção, o outro que é nevralgia e um terceiro que é obra do destino. Faltam responsabilidades e caráter além de conhecimento especifico e mais ainda, brasilidade. A quem enganamos? A nós mesmos, aos nossos filhos e netos. O Brasil cheira mal, como uma carniça bem podre que afugenta urubus. Mas podemos corrigir esse caminho.
Está na hora de votar. Podemos eleger os mesmos de sempre, se forem capazes e honestos, ou mudar. As falhas da democracia podem ser corrigidas pelo nosso desejo. Podemos reescrever nossa história.É preciso ficar atento aos candidatos mais comuns:
1- O gangster - Geralmente um criminoso impune, que busca a imunidade absurda fornecida pelo cargo.
2- O continuista – Perdeu a profissão, virou político e depende do salário público para viver, naturalmente complementado pelo Quinzinho (quinze por cento).
3- O religioso - Ele é de Deus, os demais são do diabo.
4- O representante comercial - Testa de ferro de empresas que se locupletam com serviços públicos bem faturados.
5- O bonzinho sofrido - Geralmente pessoa humilde, usando essa condição como bandeira.
6- O empresário - Patrocinador de campanhas que, depois das eleições, cobra com juros o que ofereceu. Candidata-se pelas benesses.
7- O idealista – Pessoa comum que arrisca a se eleger e, com isso prestar um serviço ao país, estado ou município.E por aí vai.
É uma fauna rica, de personagens esdrúxulos, que geralmente só se preocupam com desejos pessoais. E o povo, que quer preservar a natureza, escolas e assistência médica digna, onde fica? Votando nas imagens criadas pela mídia, que quer preservar seu status-quo, se mantendo das gordas verbas de propagandas oficiais.Quatro anos é muito tempo, como diz a lúcida e bem intencionada propaganda do TRE. Cabe aos eleitores, acordar e começar a votar de acordo com suas consciências e desejos de futuro. É preciso ter lucidez, lembrar que precisamos de seriedade e, mais, que precisamos votar em quem de fato se propõe a fazer mudanças e, acima de tudo que seja honesto. Realmente, quatro anos é muito tempo, não podemos errar...
Publicado na Revista Hey de setembro/2008


Bom Dia Uberlândia

Conheço Uberlândia de outros carnavais, “tempo antigo” e retornei a cidade há uma década e creio poder avaliar a sua mudança de perfil.
O desenvolvimento da cidade ocorreu em face da disponibilidade de energia elétrica para a indústria, diferente das outras cidades próximas. A imigração foi ocasionada pelas oportunidades de trabalho ou de estudos sendo um marco que se somou a uma corrente mais elitizada, vinda do interior de São Paulo e de outras cidades mineiras. As pessoas que aqui residiam cultuavam valores conservadores e tradicionais se afastando de certo modo, de quem aqui não tivesse suas raízes. A miscigenação de pensamentos e comportamentos sempre obedeceu à ordem dos donos da casa. Os “aceitos” ou por força de casamentos ou por serem vencedores econômicos, passavam a representar com galhardia toda aquela estrutura conservadora e tradicionalista e absorviam todos os ranços culturais e comportamentais citadina. Freqüentar determinados clubes, se fechar em rodas selecionadas, não “dar papo” para os de fora do clã, todo um completo rol de vaidades fúteis. Depois se tornavam mais realistas que o rei, os mesmos narizes empinados, falta de afetividade nos relacionamentos, óculos escuros e carrões financiados. Tudo isso sempre durou até a segunda dose, depois disso as fachadas caiam e as pessoas se humanizavam em abraços ao próximo, mas no dia seguinte, sempre voltavam à velha rotina da indiferença.
O curioso é que os 70% que compõem o batalhão de uberlandinos, não conseguiu influenciar os hábitos dos 30% de uberlandenses resistentes a mudanças comportamentais. Como resultado a indiferença se espalhou e quem quebra ou tenta quebrar esse ciclo vicioso, conversando com pessoas desconhecidas, humanizando relações a partir de um valor diferente do “possuir” (o que o que vale é a pessoa não o que ela tem), sofre todo tipo de restrições sociais e morais obedecendo aos estágios abaixo:
1- Quem conversa com mulheres é galinha (no sentido de cafajeste)
2- Se o primeiro rótulo não funcionar aplicam o segundo: é gay
3- Se a realidade contradisser, vem o terceiro: é bissexual.
4- As evidencias não confirmando partem para o quarto: louco de pedra! Se a pessoa em foco não sucumbir aos quatro degraus da maledicência conservadora enfrentará o próximo estágio que beira a aceitação com restrições, “inteligente, mas meio doidinho” única forma que o conservadorismo aceita quem é diferente, vive e se relaciona com as pessoas como seres irmãos e não se envolve na corrida das vaidades banais do vazio cultural e competitivo do “ser melhor e mais poderoso”.
Talvez ao falecermos possamos levar algo conosco da bondade que espalhamos, mas com certeza nada levaremos dos bens materiais acumulados, afinal todos sabemos que caixões não têm gavetas. Dinheiro, casas, carros, não irão conosco. Mas independente da morte, que é inevitável a qualquer um, a sensação de viver poderia trazer algum ensinamento humanitário, de amar ao próximo e se dar à vida com simplicidade.
Cada um deve viver de acordo com seus conceitos e seus desejos.O mais importante é ser feliz. Dez mil bois, uma casa bonita e luxuosa proporcionam conforto de acordo com cada um, mas a felicidade reside em nosso coração e em nossos sentimentos. Dar bom dia, ouvir e responder ao diálogo, se dar pra vida, são sensações mais positivas do que ter um carro bonito e empinar o nariz, até porque certos odores ficam numa camada mais alta e empinando o nasal, teremos o odor mal destilado da falta de cultura.Orgulho cheira mal. Vaidade mais ainda. Pior que isso, só as picadas de um enxame de marimbondos. Ser simples e dar bom dia é uma qualidaderara que tem seu lugar na vida.
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Publicado na Revista Hey de agosto/2008


Lei seca

Em virtudo dos inúmeros acidentes automobilisticos envolvendo consumo de álcool, muitos com vítimas fatais, decidiram baixar o limite do teos de álcool permitido no corpo do motorista, de seis para duas decigramas.

Grande parte da sociedade aplaudiu, pois num primeiro momento é uma punição exemplar, evoluída e basicamente justa, pois quem se embriaga e dirige, com seu gesto irresponsável, coloca em risco vidas de outras pessoas. Mas alguma coisa me preocupa: Será que todos que bebem a quantidade anteriormente permitida estavam colocando vidas alheias em riscos?

Também não vi os resultados práticos, como por exemplo, quantos motoristas foram presos e efetivamente punidos? Com certeza os casos extremos mostrados na TV seriam todos punidos pela lei anterior, mas certamente em sua grande maioria, estão soltos e impunes. E foi isso que fez com que a indignação das pessoas forçasse a tomada de outras medidas mais radicais, deixando espaço para essa pérola do radicalismo e da repressão, onde dois copos de cerveja retiram a habilitação e geram uma multa mais absurda ainda.

No país do faz de conta, está tudo resolvido, ninguém mais dirige com uma gota de álcool no organismo, mas no Brasil real, creio que criaram mais um mecanismo para manter a população acuada, cheia de receios e Leis que somente são aplicadas ao bel sabor do Judiciário.

Deveriam lançar também outras leis rigorosas, para fazerem par perfeito com a Lei Seca, assim nivelaríamos a legislação, sem privilegiar o álcool, já que vivemos num país de todos e manteríamos uma atitude igualitária, no mesmo estilo com relação aos vários outros problemas existentes, não somente com os da violência no transito.

Seriam elas: controle externo do judiciário(fixando prazos para término dos processos); pena de morte para crime do colarinho branco; os quarenta ladrões, entre tantos outros, se culpados, seriam fuzilados em praça pública; castração para crimes de estupro; decepar as mãos dos ladrões(todos!); cortar os seios das mães que abandonam filhos; cobrar impostos sobre a renda dos Bancos e assim por diante.

Considerando que atitudes que resultam em crimes de transito têm a sua razão de ser, creio que seria mais fácil avaliar tal fenômeno por sua ótica social, onde reside sua causa como um todo.

Poderemos ficar mais surpresos do que estamos, com essa nova Lei xiita, pois descobriremos que a falta de solução dos processos de transito anteriores, avaliados pela outra Lei, foi a mãe profícua da Lei atual.

O mal funcionamento institucional não se corrige por novas Leis, mas pelo bom funcionamento das existentes, com rapidez e agilidade.

Ninguém é a favor do motorista embriagado, sabemos dos estragos (muito bem explorados pela mídia), mas daí colocar todos os gatos num mesmo balaio, vai uma distancia grande. Beber é uma coisa, embriagar-se é outra. Mas acho que os traficantes estão por detrás disso, pois como não existe fumaçometro ou cocainometro, suas vendas com certeza irão aumentar. Se um aluno tira nota baixa é problema dele, se a classe toda também tirar, o problema será com o professor. Mas "Vox populli, vox Dei", se todos querem beber, porque não punir somente os que se embriaguem? Mas sem processos engavetados, com punição de verdade, transparente. Poderá ser uma solução mais condizente com os anseios da população.

Publicado na Revista Hey de julho/2008


terça-feira, 12 de maio de 2009

Casmurrice hodierna

Não é preciso recorrer ao dicionário, é burrice de hoje em dia mesmo, o maior problema brasileiro de todos os tempos. Talvez seja uma herança cultural impregnada em nossas mentes e corações.

É difícil imaginar um país com todas as riquezas que o mundo cobiça não dar certo.
É a corrupção diriam todos.
É burrice digo eu.

Basta olhar o modo como são decididas as coisas por aqui. O rol de besteiras que assolam as decisões nos assusta. De coisas elementares como a conservação de estradas até as mais profundas como arrecadação de impostos, os caminhos percorridos e o enfoque das soluções são verdadeiros absurdos onde a lógica inexiste. Se uma empresa administra uma rodovia, dá lucro e funciona por que o Estado não pode fazer o mesmo, a custos mais baixos e também dar certo?

Os impostos poderiam ser recolhidos uma única vez e encaminhados via bancária com percentagens definidas para a Federação. Estados e Municípos que por sua vez teriam suas destinações diretamente aos orgãos de ponta como a saúde, educação, etc. sem os atravessadores legislativos especialistas em verbas da seca moral que assola o País.

Não haveria ilicitude se o dinheiro fosse direto ao seu destino, longe dos "flanelinhas" e sem perda de tempo em discussões sobre o sexo dos anjos espaçosa à corrupção - uma idiotice pura.

Fico espantado com o maior foco da burrice brasileira, o Poder Judiciário que resiste a evolução. Lembra-me um cachorro folgado, bem alimentado com o erário público, nosso dinheiro, correndo atrás de seu gordo rabo ensebado em vícios e lerdezas dentro de suas próprias leis e rituais sádicos. E os agonizantes por justiça esperam, esperam e esperam, pois inexistem prazos ou não são cumpridos. Dois anos são mais que suficientes para o término de um processo. A culpa aqui é dividida com a burrice maliciosa, pois este modelo favorece interesses dúbios.
E por aí vai. Onde estão o ouro e os diamantes?
Alguém já viu? Como se não bastasse esta derrama diária, um asno cria um país indigena dentro do Brasil, curiosamente sobre as maiores reservas minerais onde não entramos.

Burrice da grossa, o Brasil é um todo e a Amazônia é nossa.
As dinâmicas de trabalho dos poderes constituidos são o ápice da asnice. Não existem soluções práticas e eficazes que mostrem a população que o País pode funcionar e responder a nossos anseios mais simples como "roubou, matou, vai preso", etc.

Continuando a sequência das espertezas chegamos aos bancos, cuja ganância idiota não aquilata suas consequências, como a violência crescente, fome, desemprego e miséria que retornarão sobre nossos filhos arrancando suas vísceras, devolvendo-nos o ódio que deixamos plantar.

Acho que precisamos hoje de um domador de burros, sem cartão cooperativo com uma vara de pescar e uma cenoura, para dar um caminho mais construtivo
e inteligente ao nosso povo.

Publicado na Revista Hey de junho/2008

O caráter do brasileiro

Somos o país mais rico do mundo. Deveriamos ter o padrão de vida igual ao da Suécia, quando uma dona de casa é hospitalizada, a Assistência Social envia uma pessoa para cuidar de sua família, estilo mãe substituta, proteção garantida. O governo americano também protege seus cidadãos, os pilotos criminosos de Legacy não foram e nem serão presos.

Mas os brasileiros no exterior são tratados de outro modo. Um " terrorista" brasileiro foi assassinado pelas costas quando ia para o trabalho na Inglaterra. Uma imigrante ilegal na divisa
com a Guiana Francesa foi literalmente trucidada pelas hélices do barco policial sem permitirem que fosse socorrida, eliminada a sangue frio, crime bárbaro em nome da Lei da Imigração. Aconteceu alguma coisa em resposta a essa barbárie? A justiça lá funciona, mas não vale para os brasileirios.

Buscamos nesses países, um pouco do que eles levam daqui e quem vai pra lá, quer apenas lavar privadas. É válido perguntar quantos quilos de ouro, diamantes e quantos milhões de dolares saem do Brasil para o exterior de forma ilegal? Ode fica nossa gente banguela, que passa e sorri inocente, passiva e pacificamente e ainda paga em dia as prestações da salvação de sua alma? A vida é aqui e agora, precisamos acordar.

Faça uma fábrica de uisque na Escócia, sem pagar impostos ou então retire alguma riqueza de seu subssolo clandestinamente e veja o que acontece. Aves de rapina são bem vindas somente aqui, nas Sesmarias.

Nosso judiciário é uma criança pirracenta e geniosa, que dorme muito e trabalha pouco, suga as telas da Mãe Nação, só acordando quando sua irmã imprensa faz barulho. Nos outros casos finge de morta e continua mamando. Ouvimos os roncos, lembram-se do mensalão, rigorosamente investigado?

Somos os cornos, chifrados pelos interesses do mundo , qualquer um entra na Amazônia, circula, retira o que quer para nos vender depois. Essa região pertence ao Brasil, faz parte de nosso mapa, somente nós não acreditamos na realidade, permitindo essa pirataria.

O caráter de nosso povo foi avaliado por Mário de Andrade e Nelson Rodrigues e esse silêncio passivo e cúmplice, de não reagir, ser vilipendiado e achar normal "a vida é assim mesmo", precisa mudar.

Lembro também o que a Espanha tem feito com os brasileiros. Devemos nos lembrar de seus lucros aqui e lembrar do conforto que nosso dinheiro proporciona. A passividade do Itamaraty frente a tais fatos agrava-se com a falta de uma posição a altura, com "los hermanos" , ilustres vizinhos e por falar nisso é assustadora a quantidade de fazendas que estão sendo compradas na Amazônia por estrangeiros. Acorda Brasil!

Economia global pode ser uma farsa ou um meio pelo qual querem nos fazer acreditar que estamos inseridos no mundo fornecendo comida e matéria prima barata, que manterão suas fábricas e barrigas cheias.

É preciso falar uma linguagem que eles entendem ou será que somos o prostíbulo do mundo?
Basta de turismo sexual com nosso povo, nossos valores e nossas riquezas. Precisamos ter um caráter mais marcante. Não creio num Brasil sem futuro. Esperar sentado cansa, além de produzir dor nas costas. Está passando da hora de cobrarmos reciprocidade.

Publicado na Revista Hey de Maio/2008

Vida a Dois

Procura-se uma cara metade.
Pessoas passam uma vida inteira em busca de sua outra parte , como se fossem incompletas, necessitam de outra parcela que as preencham, assim, a felicidade chegaria como nos contos. Aliás, principes, princesas e fadas permeiam os relacionamentos das mulheres desde o sonho do casamento ideal com a sua pompa social, até o contexto estátistico de que a grande maioria das pessoas casadas não são felizes e apenas vinte por cento dos casamentos sobrevivem em harmonia, mesmo assim, em sua maioria, um dos dois submete-se ao outro.

Hoje existem novos modelos de relacionamentos que tentam superar as deficiências produzidas por essa relação impositiva, como é atualmente, para um caminho mais liberal, que preserve a privacidade de cada um.

A sexualidade vivida no casamento, com poucas exceções, leva a uma desmotivação , transformando muitas vezes a relação num tédio ou apenas numa sociedade particular que cuida de um patrimônio financeiro, de filhos, netos e depois, das doenças um do outro.

A infidelidade conjugal atinge grande percentual dos homens casados e hoje expande-se

Entre os casais, existe uma guerra surda entre o uso do álcool e dos antidepressivos, os homens gostam do primeiro e as mulheres têm medo, pois seu mundo imaginário erótico interno é bem mais intenso que o mundo masculino.

A liberação produzida pelo álcool as assusta, mas os antidepressivos que elas usam e bloqueiam as sensações de que as mulheres precisam amortecerem os sentimentos e os desejos autênticos do feminino, que a depressão denuncia. A depressão é diferente da tristeza. Hoje, a perda de um amor pode ser superada com drogas. Que é da força feminina que chorava de verdade uma separação?

É fácil observar que quando a mulher se libera por algum tipo de bebida ou similar, sua sexualidade fica muito mais propensa a excessos em face de seu inconsciente reprimido, retirando o peso da mulher-mãe, responsável por suas obrigações cotidianas. O prazer feminino dentro de uma relação a dois é muito complexo. A mulher precisa que uma grande parcela do seu imaginário se satisfaça, atrelado ao sentimento de estar amando, menos comum nas novas gerações.

O cotidiano de filhos, afazeres, distúrbios ou variações hormonais, preocupação com as contas (as mulheres são mais responsáveis) ou mesmo o ato de servir ao marido, quando em relaç~]oes mais conservadoras, dificultam a plena sexualidade feminina.

Aos quarenta anos de idade, a lucidez se aproxima, os filhos se vão e a consciência da realidade desperta. É a chamada idade da loba, quando seus desejos pessoais se afloram sem os limites cerceadores, vividos anos a fio, dentro da "escravidão" das responsabilidades femininas.

A cara metade deixa de existir e a vida a dois se transforma com o desejo se mostrando mais autêntico e maduro. Então o homem, marido, parceiro ou amante perde sua importância dentro daqueles valores conservadores sociais, e a sexualidade feminina segue um caminho próprio dando um novo significado a vida da mulher.

Vale a pena perguntar o que virá depois.


Publicado na Revista Hey de abril/2008

Falando de Médicos e da Medicina.

Sonho um dia ver um cartaz na porta de um Posto de atendimento público:
"Cem por cento de satisfação dos pacientes atendidos e dos prfissionais que os atenderam."

Para ser médico é preciso fazer sacrifícios e dedicação é uma palavra singela frente ao esforço que a graduação e a pós exigem: lidamos com a complexidade do ser humano.

A Medicina brasileira tem um histórico de transformações que inicia nos Institutos de Seguridade Social, ao atual sistema hibrido onde a assistência publica se mistura a privada como se fosse uma salada mixta de manga e leite azedo. Socializada ou privatizada? Na Europa é socializada, nos Estados Unidos é privatizada, com os mesmos bons resultados. O Brasil corre atrás do modelo Cubano, talvez não seja uma boa idéia pelo paternalismo e pela inconsistência, descalços não funcionamos bem.

Os médicos trabalham muito, ganham pouco e os pacientes reclamam dos atendimentos recebidos. E persiste tal resultado sem que ninguém se preocupe em avaliar o porquê de tal situação. Os pacientes se transformam em números de atendimentos, e a qualidade e o resultado final que se danem... E os médicos por sua vez se acovardam, esquecendo-se que são os únicos profissionais indispensáveis a si mesmo.

Existe solução? Sim, mas interessa a poucos, a Indústria Farmacêutica quer vender medicações que o Estado compra, como por exemplo, um medicamento que tem três horas de duração e é largamente utilizado para tratar hipertensão arterial, que dura vinte e quatro horas.

Exames físicos mal realizados, satisfazem os vendedores de aparelhos. hoje diagnósticos, tempos atrás meros exames complementares. E finalmente os médicos se esmorecem face as pressões realizadas por esse triângulo nada amoroso e colocam sua sobrevivência na sobrecarga de trabalho, submetendo-se aos desejos de seus parceiros inconvenientes e mercantilistas. E os exames desnecessários rolam como cachoeiras. O alto custo ocupa setenta por cento do dinheiro disponível e o percentual de resultados normais é o mesmo, ou seja, exames desnecessários.
Medicina de qualidade com profissionais e pacientes satisfeitos nem pensar.

Esta ciranda inconsistente não pode mais se prolongar. É preciso um relatório Flexner para as Escolas Médicas e também uma definição do modelo Institucional a ser adotado dentro de nossa realidade.

Medicina não pode ser mal feita, nem tapa buracos social ou comercial, menos ainda servir a interesses empresariais. O dirigente da classe, não deveria ser apenas uma foto vaidosa em páginas vazias de eventos sociais. Os verdadeiros profissionais não se encaixam nisso, não devem estar descalços, nem serem vitrines de aparelhos mirabolantes ou de novos medicamentos, que podem até ser mais nocivos do que curativos.

Precisamos não aceitar o pejorativo de "sacerdócio", pois embora também lidemos com a alma humana, acima de tudo somos profissionais responsáveis e perdemos uma boa parte de nossas vidas dedicando- nos a causa mais fundamental do ser humano: sua vida!
Publicado na revista Hey de março/2008