quinta-feira, 9 de outubro de 2008

da Revista Perfil Médico











Só tem enfarto quem quer


Além dos desígnios da natureza, só tem infarto quem quer.
Nosso corpo tem determinações genéticas, “está escrito” e elas determinam nosso futuro, mas podemos acrescentar ou diminuir anos a nossa vida, dependendo do modo que investimos em nossa saúde.
Estive num Congresso em Washington e vi um cardiologista americano apresentar um trabalho onde mostrou um slide com dois personagens: de um lado Sir Winston Churchill, com um copo de uísque na mão, um charuto na outra e abaixo do slide, sua idade quando morreu.
Do outro lado, da mesma forma, Fischer, um atleta aficionado em corridas, que faleceu aos trinta e tantos anos de infarto. No seu imaginário, tais fatores, álcool e fumo, não teriam influencia nos acontecimentos.O questionamento foi imediato pela platéia. Churchill, tinha genética para cento e tantos anos e “gastou” alguns, pelos seus hábitos de vida que lhe eram prazerosos. Fischer, por sua vez, foi o mais longevo de sua família, onde os homens morriam entre vinte e trinta anos de idade, por infarto, marcação de sua genética familiar. Esse é o ponto mais importante, que pode ser modificado para mais ou para menos, estilo de vida é a resposta. Quem fuma, indiscutivelmente, “gastará” seu crédito genético e do mesmo modo, o que ingerimos terá a mesma influência. Comer bem é um conceito variável para cada pessoa e cada um tem seu prazer particular com o que ingere. Gosto não se discute. O gostoso pão de queijo utiliza muito óleo em sua composição, mas não deixa de ser gostoso e como é...
Com um cafezinho e manteiga, fica um manjar dos deuses mineiros. A pizza nem se fala, mas tome sal e gordura, grandes consumidores de genética.
Mas como conciliar o que é gostoso, com o que faz bem?
A escolha será sempre nossa. Se quisermos viver mais, primeiramente temos que olhar nossa genética e fazer um acordo, criando hábitos compensadores, como dois pratos de uma balança, que se equilibram.
Mas não podemos usar a do Judiciário, pois tem contrapeso embutido.
Por costume pessoal, diariamente vejo meu peso e sei exatamente a repercussão no meu organismo, daquilo que comi no dia anterior. Nada neurótico, apenas uma consciência informativa que mostra os efeitos do que fiz.
Álcool em baixas doses protege o sistema cardiovascular, provavelmente por influenciar a coagulação, se for vinho tinto, as substancias contidas no mesmo, aumentam o bom colesterol (HDL), que impede que as gorduras se fixem na parede das artérias.
A diferença da banha de porco com a margarina, ninguém sabe, seria uma pesquisa simples na população carcerária, onde a dieta pode ser controlada, assim saberíamos a resposta e poderíamos mudar muita coisa.
Temos que considerar que não existe propaganda de banha na TV, mas nossos ancestrais sobreviveram muitos cem anos utilizando-a.
Besteira? Pode ser, mas se alguém me disser que a banha de porco acelera o transito intestinal evitando a absorção do colesterol, que é mais tardia, eu acreditaria. Pesquisar é fácil, embora não interesse. E tome margarina com gordura trans, omega três, que não tem comprovação concreta de seus benefícios, ou então, omega seis que estimula câncer na próstata, mas não importa.Sempre existirão aparelhos mirabolantes para resolver o problema.
Os custos interessam menos que a saúde de cada um.
Outros fatores “queimadores de genética”, às vezes inserida nela mesma, como a diabete e a hipertensão podem ser facilmente controlados e freados, dentro de sua ação nociva. O melhor tratamento é a lucidez e a informação.
Tudo que é gostoso faz mal, mas temos alternativas como a feijoada que descansa um dia na geladeira e de onde são retiradas as gorduras amareladas no dia seguinte.
Podemos comer coisas gostosas sem que sejam nocivas ao nosso organismo, basta saber o caminho e fazer a leitura ancestral das plantas caseiras, medicamentos com marca registrada brasileira. Usar álcool com couve, hortelã, funcho e manjericão atenua seus efeitos maléficos mas não engana o bafômetro. Exercícios são bem conhecidos, pessoalmente faço todos os dias, é muito gostosa e os efeitos deles sobre a saúde são ótimos.
Mas, a melhor das opções e muito saúdavel é o sexo bem feito, que reduz o colesterol, baixa a pressão e produz bom humor, evitando o infarto e prolongando a vida. As mulheres ficam mais bonitas, com a pele lisa, pela mágica do estrogênio.
Podemos escrever nosso caminho na vida, que será sempre uma escolha pessoal
dentro do que esperamos para nós mesmos. E além dos desígnios da nossa genética, só tem infarto quem quer, basta prestar atenção na natureza, ela nos dirá o que devemos fazer...

Publicado na Revista Perfil Médico de setembro/2008